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Grades Curriculares de Geologia e Engenharia Geológica do Brasil

  • Foto do escritor: ENEGE
    ENEGE
  • 15 de ago. de 2019
  • 7 min de leitura

Grades curriculares foram a temática principal do XLI ENEGEO - Águas da Prata - SP (2019). Como discutido no evento, algumas universidades estão passando por alterações na grade curricular de seus cursos. Entretanto, em outras unidades os alunos sentem a necessidade de mudança do currículo vigente mas não encontram meios institucionais e/ou políticos de realizar tal medida. Visto o interesse de muitos alunos de geologia e engenharia geológica por essa questão, a ENEGE em conjunto com o CAGEAC (Centro Acadêmico da Geologia UNICAMP) preparou um documento explicando, resumidamente, como foi o processo de mobilização dos estudantes do Instituto de Geociências da UNICAMP para participar ativamente da construção do novo catálogo. Além desse documento, o CAGEAC disponibilizou o documento oficial apresentado ao coordenador do curso e professores para ser aprovados e levados à um órgão deliberativo superior, no qual apresenta a proposta dos alunos. Os textos a seguir foram elaborados a partir do levantamento de dados feitos por representantes de 32 universidades com auxílio da gestão executiva da ENEGE entre os meses de agosto e setembro de 2019.

Perfil do geólogo(a) em função das atuais grades curriculares dos cursos de Geologia e Engenharia Geológica no Brasil

Tendo vista das mudanças curriculares no curso de geologia e/ou engenharia geológica as quais algumas universidades estão vivenciando, tais como UNICAMP, UFMG, UFRJ, UFMT, UFPE e UFAM, a Executiva Nacional dos Estudantes de Geologia trás, por meio deste documento, um resumo para exemplificar o perfil do geólogo formado pelas universidades brasileiras determinadas por tais currículos. Com isso, pudemos compreender quais as principais características de cada universidade e as mudanças necessárias e quais medidas podem ser tomadas. Para tal atividade, os representantes de cada universidade disponibilizaram a grade curricular vigente do curso bem como um resumo sobre o perfil do geólogo que a respectiva faculdade forma. A análise da grade foi feita, a princípio, por regiões (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul), abrangendo o máximo de universidades possíveis. Ao final, tomou-se um panorama geral do país. Com as informações obtidas, a discussão ficou pautada em três itens principais, sendo eles:

  1. Como os cursos se estruturam e questões problemáticas do atual modelo de grade: verificar a disposição das disciplinas de exatas, de geologia básica e aplicada, além de TCC, estágio obrigatório e iniciações científicas;

  2. Traçar o perfil do geólogo brasileiro: examinar quais as principais áreas de atuação;

  3. Como formar geólogos com o perfil “não convencional”: maneiras de incentivo a diferentes áreas de atuação do geólogo.

Seguindo essa ordem, a seguir estão algumas conclusões tiradas pela gestão: Como os cursos se estruturam e questões problemáticas do atual modelo de grade: A grosso modo, o curso se estrutura em quatro etapas: 1ª) disciplinas de exatas, biologia e geologia geral; 2ª) disciplinas base da geologia; 3ª) matérias de geologia aplicada e 4ª) conclusão do curso. A primeira etapa da maioria das faculdades tem início no Ciclo Básico, englobando tanto o núcleo de disciplinas de exatas (física, cálculo, química, estatística, físico-química, etc) quanto de geologia geral, além de biologia. Em escolas específicas, como a UNICAMP e UFOB, há disciplinas como “Sistema Mundo 1” e “Filosofia e História da Ciência”, respectivamente, que abordam temáticas com viés político, social e científico. Além disso, há escolas em que as disciplinas de exatas são específicas para geociências, ao contrário da maioria em que são dadas com cursos de engenharia. É importante no início do curso, uma disciplina ou atividade de extensão voltada para a divulgação das áreas de atuação do geólogo e incentivo à continuidade do aluno na faculdade, visto que é um período de adaptação e a quantidade de exatas faz com que haja muita desistência em decorrência de reprovações. Na segunda etapa do curso abordam as disciplinas base da geologia, tais como as petrologias (sedimentar, ígnea e metamórfica), geologia estrutural, geofísica, processamento de imagens digitais, geomorfologia, pedologia, paleontologia, geoquímica, geologia do Brasil, estratigrafia, geologia histórica e mapeamento geológico. Em relação à tais disciplinas foi discutido a carga horária, oferecimento (anual ou semestral) e a quantidade de pré-requisitos. Sobre os mapeamentos foi discutido sobre o custo dessas disciplinas e a quantidade de cursos referentes à técnicas de mapeamento. Sobre a carga horária e pré-requisitos é consenso o excesso de ambos. O curso de geologia é sobrecarregado de horários de aula teórica, sendo uma das cargas horárias mais densas na maioria das escolas do país. Além disso, a quantidade de pré-requisitos para determinadas disciplinas é, muitas vezes, questionável a real necessidade de algumas. Ensinada a base, parte-se para a terceira etapa do curso, as disciplinas de geologia aplicada e voltadas ao mercado de trabalho, por exemplo, geologia econômica, geologia de engenharia, hidrogeologia, geologia do petróleo, geologia ambiental e prospecção. É nessa etapa que o perfil do geólogo começa a ser definido pelas áreas de conhecimento aplicado. A demanda regional é um determinante para tal escolha. Isso ocorre, em geral, devido ao apoio de empresas locais em financiamento de pesquisas e laboratórios das universidades, fazendo com que uma determinada disciplina ou área de aplicação seja priorizada. Por exemplo, as universidades mineiras (UFMG, UFU, UFOP e UniBH) e paraenses (UFPA e UFOPA) que priorizam as áreas relacionadas à mineração e prospecção devido a grande influência do setor na economia do estado. Outro exemplo é a influência do setor petrolífero nas universidades cariocas. Por fim, na quarta etapa é feita o Trabalho de Conclusão de Curso ou Trabalho de Formatura e estágio obrigatório. Nesta etapa também foi analisada a cultura de iniciações científicas nas escolas e interesse por parte dos alunos. Aqui o interessante foi notar a diferença entre como é executado o TCC. Em muitas universidades o TF é feito em dois semestres, um para a determinação do projeto e outro para a realização da pesquisa em si. Já em outras, como a UNICAMP, o TCC é feito em apenas um semestre. Nessas escolas o trabalho pode ser feito em qualquer área do conhecimento, cabe ao aluno a escolha. Já na UNB, o trabalho final é, necessariamente, um mapeamento geológico. Também foi discutido a obrigatoriedade dos estágios recentemente exigida pelo MEC (decisão tomada em 2015 - link nas referências). Muitas universidades já possuíam a disciplina como obrigatória em sua grade, entretanto, outras estão buscando se adaptar a tal exigência. Quanto a cultura de Iniciações Científicas, é muito comum na UNICAMP e USP, por exemplo, alunos de graduação que realizam até 3 projetos ao longo do curso, evidenciando o caráter acadêmico dos geólogos formados pelas estaduais paulistas. Cabe neste tópico ressaltar a falta de professores para ministrar disciplinas de alguns cursos, como o da UFRR com apenas 12 docentes, número insuficiente para suprir disciplinas de caráter básico como petrologia metamórfica, atualmente eletiva, e a especialização na área ambiental a partir do sexto semestre; e da UFSC, também com 15 docentes. Traçar o perfil do geólogo brasileiro: É consenso que o perfil do geólogo brasileiro é determinado conforme a região do país e as demandas regionais. Em geral, trata-se de um geólogo clássico, com vasto conhecimento da área de mapeamento, geologia estrutural e petrologias. Entretanto, vemos que há pouco incentivo aos alunos de desconfigurar tal identidade e buscar áreas voltadas ao pensamento crítico, atuação em geoconservação, geoturismo e divulgação das geociências; assim como pouco ou nenhum enfoque em áreas como geologia ambiental e geotecnia, que atualmente contam com mercado amplo para atuação de geólogos. Como formar geólogos com o perfil “não convencional”: A partir das etapas I e II notou-se um padrão no perfil dos geólogos brasileiros, geralmente voltado à campos convencionais da área, como mineração, petrologias, geologia do petróleo, hidrogeologia, etc. O perfil varia de universidade para universidade de acordo com as demandas regionais, como por exemplo a presença do Aquífero Bambuí próximo a UFOB, a abundância de recursos minerais no Pará e Minas Gerais, a presença de grandes empresas nas proximidades das escolas como, por exemplo, a influência da instalação recente de uma sede da Petrobrás próxima à UFPE e a ênfase dada em disciplinas relacionadas a sistemas petrolíferos na UERJ, etc. No entanto, a falta de perspectiva para atuação do geólogo no atual mercado de trabalho permite, e até certo ponto estimula, que o geólogo assuma outros papéis, menos convencionais. Mas que papéis são esses? Tratam-se de áreas, por vezes, não exploradas ou com pouca representatividade pelas atividades universitárias em geral. São elas a área de geologia ambiental (p. ex. o estudo de áreas contaminadas, mapeamento de risco, que representam um amplo mercado para geólogos, mas possuem pouco enfoque na maioria das universidades), geologia de engenharia, geologia médica, geologia ornamental, geoturismo, ensino de geociências, geotecnologias, etc. Além disso, nós estudantes não somos estimulados durante a graduação a pensarmos sobre o papel do geólogo na sociedade. A grande maioria é condicionada, a partir do modelo de grade curricular de nossas próprias universidades, ao modelo tradicional pois não se cria pensamento crítico. Com isso, é importante percebermos que existem opções a serem consideradas que não a tradicional. Por exemplo, geólogos trabalhando com direito minerário, redator em uma revista ou jornal sobre a natureza, escalador profissional, trabalhar com processamento de dados, administração de suas próprias empresas, geoturismo ecológico, ou qualquer que seja a área de interesse. É necessário a valorização do geólogo em todos os âmbitos, não apenas o clássico. Sendo assim, a mudança deve ter início na base de formação do geólogo, ou seja, nas universidades. Para que isso ocorra, é importante o oferecimento de disciplinas, obrigatórias ou eletivas, que discutam ou apresentem os demais ramos da geologia, atividades acadêmicas como semana do curso ou rodas de conversa que estimulem os alunos a diversificar o seu conhecimento da área de estudo. Referências: Diretrizes Curriculares - Cursos de Graduação. Ministério da Educação. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/escola-de-gestores-da-educacao-basica/323-secretarias-112877938/orgaos-vinculados-82187207/12991-diretrizes-curriculares-cursos-de-graduacao>. Acesso em 30/09/2019. Links adicionais: Resolução CNE/CES nº 1, de 6 de janeiro de 2015 - Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação na área da Geologia, abrangendo os cursos de bacharelado em Geologia e em Engenharia Geológica e dá outras providências. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16871-res-cne-ces-001-06012015&category_slug=janeiro-2015-pdf&Itemid=30192>. Parecer CNE/CES nº 413/2015, aprovado em 7 de outubro de 2015 - Alteração do Parecer CNE/CES nº 387/2012 e da Resolução CNE/CES nº 1/2015, relativos às Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação na área da Geologia, abrangendo os cursos de bacharelado em Geologia e em Engenharia Geológica. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=31641-parecer-conselho-nacional-de-educacao-ces-413-2015-pdf&category_slug=dezembro-2015-pdf&Itemid=30192>. São Paulo, 01 de outubro de 2019. Gabriela Duarte de Olivera Alessandra Linares Casagrande








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Por: Gestão 2019/2020

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